-Que lindo o teu texto.
-Que bom que você gostou. Fiz para você.
-Que bom que você gostou. Fiz para você.
Escreveu-me um texto, e mais uma vez, entrou com a chuva daquela tarde nos meus olhos.
Uma Chuva a 5 Graus do Equador
Foi como um sonho. Daqueles que parecem um segundo, mas que durou a noite inteira. Porque, quase sempre, a intensidade é superior ao tempo. Foram tantas trocas: beijos, carícias, farpas. Os corpos unidos num último torpor ensandecido, como dizendo um adeus alegre, sorrindo com os olhos.
Foi incrível, quando no momento do “nos vemos por ai” descobrimos todos os prós, afinidades e interesses. Justamente na última tragada do cigarro que fumamos juntos sob o vento frio da chuva que caia à noite, demo-nos aos abraços, mesmo sem se tocar. Porque o que a alma almeja, o corpo só regozija.
Aquela eternidade numa tarde. Entre “Led” na caixa (All My Loving) e as cervejas, tragando textos e poema. Os corpos em brasa. Quem dera todo adeus fosse alegre. Quem dera todo sábado um adeus.
E ainda que tendo dito adeus, a alegria de breves momentos é mais eloqüente, a gente faz da vida um álbum de fotografias, ficam as boas, arquivam-se as más. Não, não se joga fora as más, elas servem pra lembrar o que passou e realça as preferidas.
Porque fomos como a chuva em Teresina. Forte, intensa, mas rápida. E tudo que nos resta é aproveitar o clima agradável que sobra no final. Um “Wind of Change”. Sorrindo, acendo um cigarro, tomo um gole de cerveja, dou um beijo em teu rosto.
E vamos embora, assoviando “Yesterday”.
WILSON NETO.